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Por que fisioterapeuta é mal remunerado no Brasil?

  • Foto do escritor: Karine VIDA FIT & MOVIMENTO
    Karine VIDA FIT & MOVIMENTO
  • 26 de set. de 2024
  • 3 min de leitura

A baixa remuneração dos fisioterapeutas no Brasil é um problema multifatorial, que envolve a desvalorização da profissão, a falta de políticas públicas, os baixos valores pagos pelos convênios de saúde, a competição no mercado de trabalho, e o impacto da tabela de valores praticada pelos planos de saúde. Para entender melhor a situação, é importante abordar a questão a partir de diferentes perspectivas: a autonomia do fisioterapeuta, os valores praticados pelos convênios de saúde, e a comparação com outras profissões da área da saúde.


A fisioterapia no Brasil é uma profissão regulamentada desde 1969 (Lei nº 6.316), e os profissionais possuem autonomia plena para avaliar, diagnosticar e tratar disfunções relacionadas ao movimento, sem a necessidade de encaminhamento médico. O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) garante essa autonomia, estabelecendo que os fisioterapeutas são responsáveis por elaborar e executar seus próprios planos terapêuticos, além de poderem atuar em áreas como prevenção, promoção e reabilitação de saúde.


Entretanto, apesar dessa autonomia garantida por lei, há uma percepção de que os fisioterapeutas não têm a mesma valorização social ou econômica de outras profissões da saúde. Isso reflete em sua remuneração, especialmente quando atuam no setor privado, que é fortemente regulado pelos convênios de saúde.

Um dos principais problemas enfrentados pelos fisioterapeutas está relacionado aos baixos valores pagos pelos convênios de saúde. De acordo com o levantamento feito pelo Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais, muitos planos de saúde pagam valores que variam entre R$10 e R$30 por sessão de fisioterapia, valores que estão muito aquém do que seria considerado justo para cobrir os custos de um atendimento de qualidade, incluindo aluguel, materiais, e salários.

Esses valores são uma das principais queixas dos profissionais, que muitas vezes precisam atender um grande número de pacientes para conseguir um rendimento mínimo, o que pode comprometer a qualidade do atendimento. Estudos como os realizados pelo COFFITO também evidenciam a necessidade de reajustes periódicos dos valores pagos pelos convênios, uma vez que a inflação e os custos de manutenção das clínicas têm aumentado, enquanto os honorários dos fisioterapeutas permanecem estagnados.


Quando comparamos a fisioterapia com outras profissões da área da saúde, como medicina, odontologia e enfermagem, é possível observar uma disparidade significativa na remuneração. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), enquanto médicos e dentistas frequentemente recebem salários muito mais elevados, os fisioterapeutas, mesmo com formação superior e cursos de especialização, apresentam uma média salarial bem inferior.


Os médicos, por exemplo, mesmo em planos de saúde que pagam valores baixos, conseguem cobrar consultas que variam entre R$200 e R$700 por paciente, dependendo da especialidade. Além disso, os médicos têm um poder de negociação maior com os planos de saúde e podem realizar procedimentos de alto valor agregado.

Odontologistas também tendem a receber mais por procedimentos, uma vez que a tabela de valores odontológicos dos convênios é geralmente mais alta do que a da fisioterapia, sobretudo em áreas como ortodontia e cirurgia.

Em comparação, os fisioterapeutas enfrentam não só uma baixa remuneração por sessão, como também uma carga horária extensa, com necessidade de atender muitos pacientes diariamente para alcançar uma renda satisfatória. Segundo o IPEA, a renda média de um fisioterapeuta no Brasil gira em torno de R$2.800 a R$3.500 mensais, dependendo da região, enquanto médicos podem ultrapassar facilmente os R$10.000 a R$20.000 mensais, mesmo trabalhando em setores públicos ou com convênios.


De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o mercado de trabalho da saúde no Brasil, a desvalorização salarial dos fisioterapeutas está relacionada, em parte, à alta oferta de profissionais em algumas regiões, o que leva a uma competição maior por vagas e, consequentemente, uma redução nos salários ofertados.


O CREFITO-5 tem tomado várias iniciativas para melhorar a remuneração e a valorização dos fisioterapeutas. Entre essas ações, destacam-se:


Diálogo com Profissionais e Acadêmicos: O conselho tem promovido encontros com profissionais e estudantes, como o evento em Pelotas, para discutir os desafios da profissão, incluindo a questão salarial. Essas discussões visam engajar a comunidade em busca de soluções para a melhoria da remuneração e condições de trabalho​.


Reforço na Autonomia Profissional: Uma importante vitória foi a decisão que reafirma a autonomia dos fisioterapeutas na prescrição e administração de medicamentos e insumos, sem restrições exclusivas a outras categorias. Esse tipo de conquista pode ser um passo importante para a valorização da profissão, abrindo portas para novas áreas de atuação e possivelmente influenciando a remuneração futura​.


Apoio a Políticas Públicas: O conselho também atua no apoio a políticas públicas que favorecem o fortalecimento da classe profissional, visando maior reconhecimento e melhores condições de trabalho para os fisioterapeutas.





 
 
 

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